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domingo, maio 30, 2010

Alta de preços do ouro viabiliza a exploração de jazidas que não eram viáveis


Alta de preços do ouro viabiliza a exploração de jazidas que não eram viáveis economicamente
Deco Bancillon
Depois de enfrentar um longo período de ostracismo, com seu uso praticamente restrito à indústria joalheira, o ouro voltou a brilhar. A crise de 2008, detonada pelo estouro da bolha imobiliária americana, fez o metal retomar o papel de importante ativo financeiro, crucial para a proteção do patrimônio em tempos de incertezas, agora agravadas pelo recente tombo das economias europeias.

Com a perspectiva de forte valorização no radar dos mais conceituados analistas — é possível que a onça troy, medida pela qual o mineral é negociado nos mercados internacionais, salte dos atuais US$ 1.250 para US$ 2 mil até o fim do ano —, jazidas que antes se mostravam inviáveis para a exploração tornaram-se sinônimos de lucros.

No Brasil, repetindo o histórico de todos os ciclos do ouro, a atual corrida está sendo encabeçada pelas multinacionais. “De um tempo para cá, as grandes empresas do mundo têm comprado minas importantes no Brasil, e, com isso, liderado o nosso mercado. É um movimento que deve se fortalecer ainda mais no contexto de valorização mais forte do ouro nos mercados internacionais”, diz o gerente de dados econômicos do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Antônio Lannes. A maior parte do ouro extraído no país é exportada.

Levantamento do instituto mostra que, nos próximos quatro anos, as companhias estrangeiras que atuam no Brasil investirão US$ 1,7 bilhão na ampliação e na modernização de suas operações. Em muitos casos, o dinheiro será usado como parte em acordos firmados com subsidiárias brasileiras e com entidades civis de trabalhadores de garimpo, como é o caso da associação costurada entre a canadense Colossus Minerals e a Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp).

Pelo contrato, a multinacional bancará os investimentos em maquinários e em tecnologia para reativar aquele que foi o maior garimpo a céu aberto do mundo. Em contrapartida, terá direito a 75% do ouro explorado. Os 45 mil garimpeiros cooperados ficarão com os 25% restantes do metal extraído. Uma conta feita pelos próprios trabalhadores indica que cada um deverá receber salário mensal de R$ 1 mil enquanto durar a exploração.

A partir deste domingo e ao longo dos próximos dias, o Correio mostrará uma série de reportagens sobre o mercado do ouro no Brasil. Além de revelar o dia a dia de algumas das minas mais importantes do país, destrinchará os meandros das operações com ouro no mercado financeiro. Traçará, também, uma radiografia do uso cada vez mais disseminado do metal — de cosméticos a medicina. Nas joalherias, com o poder de compra cada vez maior do brasileiro e o crédito farto, as vendas não param de crescer.

O fato de o grama do ouro ter registrado valorização no Brasil de 586,3% desde 1999 — a maior parte dessa alta, nos últimos três anos — incitou um debate entre os analistas: estará o mundo diante uma nova bolha especulativa? Para o economista Keyler Carvalho Rocha, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor de Mercado de Capitais do Banco Central, a tendência é de que a cotação do metal despenque assim que as turbulências externas cessarem, empurrando, ladeira abaixo, os investidores que especulam com a commodity (mercadoria com cotação internacional).

“Ouro é investimento que não rende juros nem dividendos. É preciso ficar claro que ninguém pode aplicar em um ativo que, por um longo tempo, só resultou em prejuízos. Uma hora a bolha vai estourar”, diz. Nas suas contas, o movimento de valorização do minério começou, gradualmente, a partir da crise de 2001, com os atentados ao World Trade Center, em Nova York. O medo de que a guerra ao terror declarada pelos Estados Unidos pusesse em xeque a segurança do mundo fez com que os investidores — e os Bancos Centrais — passassem a aumentar suas posições em ouro.

Esse movimento, acrescenta o economista Maurício Molan, do Banco Santander, ganhou força com a política de juros baixos adotada pelo governo norte-americano, para estimular o consumo a fim de evitar uma recessão prolongada. “Sempre que se tem dinheiro barato por muito tempo, corre-se um risco sério de geração de bolhas. E pelo que estamos vendo agora, é possível que o ouro seja uma nova bolha.”

Famílias endividadas
Em abril de 2002, a onça troy oscilou em torno de US$ 300 e permaneceu acima desse patamar desde então. “Foi quando se deu início a uma nova sequência de altas, que culminou com os US$ 840 a onça, em novembro de 2007, voltando aos patamares recordes atingidos no início dos anos 1980”, escreveu o geólogo e economista Mariano Laio de Oliveira no estudo Ouro, publicado em dezembro de 2009 pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Ao Correio, ele diz que a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008, e o aprofundamento da crise fiscal na Zona do Euro, este ano, jogaram mais lenha na fogueira.

Para ele, o ouro está tão valorizado que já começa a interferir na vida de pessoas normais, que nada têm a ver com o vaivém do mercado. Na Índia, por exemplo, famílias têm se desfeito por conta da valorização excessiva do minério. “Pela tradição indiana, a família da noiva tem de que pagar o dote (prêmio em ouro) à família do noivo. Com a alta do metal, muitos pais de noivas têm se endividado de forma descontrolada”, observa.

Apesar disso, os indianos continuam demandando bastante ouro. Relatório publicado em maio deste ano pelo Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês), mostra que o consumo do metal naquele país cresceu 698% no primeiro quadrimestre de 2010, chegando a 193,5 toneladas. Tamanho apetite faz da Índia o maior consumidor de ouro do mundo, segundo dados da consultoria londrina Gold Fields Mineral Services.

Linha do tempo
A corrida pelo ouro no Brasil intercalou momentos de euforia e de decepção. Valorização recorde do metal fez as empresas reavaliarem investimentos, o que possibilitou a reabertura de garimpos como o de Serra Pelada

1552
Surgem rumores de descoberta de ouro na Capitania de São Vicente, em São Paulo. A suspeita deveu-se a aparições de cartas trocadas entre o Bispo Pedro Fernandes Sardinha e o imperador Dom João III, que havia nomeado Sardinha como 1º bispo brasileiro.

1590
Coroa portuguesa anuncia oficialmente a descoberta de ouro no Pico do Jaraguá, em São Paulo.

1690
Colonizadores descobrem o potencial mineral do estado de Minas Gerais -- em especial a cidade de Vila Rica, que, posteriormente, passou a se chamar Ouro Preto. O nome se deve à coloração do mineral que era recolhido por garimpeiros às margens do Córrego Tripuí.

1800
Exploração de ouro de aluvião (mineral abundante em barrancos e margens de rios) começa a entrar em decadência, devido à forte procura pelo material por garimpeiros. A coroa portuguesa começa a importar tecnologia para desenvolver sistemas mais eficientes de exploração.

1817
O alemão Barão de Eschwege anuncia a criação da Sociedade Mineralógica, primeira empresa de mineração brasileira a empregar tecnologia na exploração de ouro.

1824
Início das operações da companhia inglesa Imperial Brazilian Mining Association, que passou a explorar diversas minas de ouro na região de Caeté (MG).

1834
Início da exploração da mais importante mina de ouro do Brasil, a Mina de Morro Velho, em Nova Lima (MG). A abundância de recursos minerais foi tamanha que a exploração só cessou em meados do ano 2000.
1900
Decadência da exploração em larga escala do garimpo de ouro no Brasil, que perde a liderança na produção mundial para a África do Sul.

1960
Início da pesquisa geológica a serviço da produção de ouro, que culmina nas descobertas de minas em Crixás (GO), em Serra Grande, e em Barrocas (BA), por meio da mineração Fazenda Brasileiro.

1980
Após a descoberta de ouro em Carajás, milhares de brasileiros migram para o sul do Pará, transformando Serra Pelada no maior garimpo a céu aberto do mundo. Estudos indicam que o volume de ouro retirado a cada ano durante a exploração em Serra Pelada chegou a 10 toneladas. Mas acredita-se que esse número correspondia a apenas 50% do que realmente era extraído.

1984
Início da exploração em Morro do Ouro, em Paracatu (MG).

Apesar de ter um grande potencial mineral, o local guarda uma característica peculiar. É a mina com o mais baixo teor de ouro em todo o mundo, gerando menos de 0,5 grama por tonelada de rocha extraída.

2010
Valorização recorde do ouro incita nova corrida pelo mineral. Procura maior pelo ouro como proteção ante as recentes crises estimula a reativação de projetos que haviam sido interrompido por conta do longo período de preços baixos do metal. Multinacionais anunciam megaplanos de investimento para exploração de ouro no país e o garimpo de Serra Pelada é reaberto.

POSTADO POR TONI DUARTE ÀS 19:21

Um comentário:

  1. blz até que em fim meu pai quer receber do garimpo a muito tempo ele espera por essa grana foi muita luta

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